quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Copacabana Palace (Ricardo Boechat)











SinopseDurante muito tempo, Copacabana foi um dos pontos mais glamourosos do mundo. No imaginário internacional, concorria com Monte Carlo, Paris, San Francisco e todos os outros lugares bacanas que apareciam em thriller de Hitchcock, musical de Fred Astaire ou fotorreportagem da Life. Para o brasileiro, era também uma espécie de capital cultural onde surgiam modas, estabeleciam-se tendências, criavam-se ou descartavam-se comportamentos. Grande parte disso se devia ao hotel mais famoso do país, um marco que chegou lá quando o bairro mal existia. É o que conta o jornalista Ricardo Boechat em Copacabana Palace – um hotel e sua história. Lançado em 1998 para comemorar os setenta anos daquela verdadeira instituição carioca, o livro vai agora para a terceira edição, bastante atualizada e ampliada. Com texto saboroso e histórias idem, ele remonta ao começo do século passado, num Rio que buscava modernizar-se escapando do centro velho – abafado, malcheiroso e insalubre. Copacabana, com o ar saturado de ozônio do mar aberto, só contava umas poucas casas de veraneio quando o empresário Octávio Guinle foi construir ali um hotel de sonho, inspirado no encanto neoclássico da Côte d’Azur. Inaugurado em 1923, era um oásis de caloroso perfeccionismo e, pelas décadas seguintes, seria tão protagonista da vida carioca quanto os incontáveis potentados e celebridades que se apaixonaram por ele. De Einstein à princesa Diana, de Orson Welles a Coppola, de Mário Reis a Janis Joplin, o melhor do século 20 esteve no Copa. Tudo ali tinha uma fascinante, e só aparentemente contraditória, mescla do discreto requinte europeu com a exuberante superprodução hollywoodiana. No cassino, ninguém ficaria muito surpreso se a Rita Hayworth de Gilda aparecesse para dar uma fotogênica baforada, ou uma antológica bofetada, em Glenn Ford – aliás, os dois co-stars ainda assinariam o livro de hóspedes. E, ao entrar na boate Meia-Noite, era impossível não pensar no Rick’s Bar de Casablanca, até porque o hotel, e a cidade, muito se enriqueceu com a vinda de refugiados tão emblemáticos e memoráveis quanto os do filme, como o impecável relações-públicas Oscar Ornstein e o grande produtor teatral Max von Stuckart, que transformou o Golden Room num referencial do teatro musicado. O Copa não perderia o charme nem a categoria. Mas após a morte de Guinle – um rigorista às antigas, que lustrava botão do uniforme de funcionário e não ligava para o custo das coisas desde que ficassem simplesmente perfeitas – o hotel passou por apuros financeiros. Foi então absorvido pela cadeia Orient-Express, que o revitalizou com extremo êxito, fazendo de tudo para preservar o espírito e a graça desse monumento à arte de bem receber. Não faltam também as notas tristes. Entre divertidas molecagens e indiscrições, o playboy Jorginho Guinle, sobrinho do fundador, era personagem de destaque na edição de 1998. Agora, o antigo embaixador brasileiro em Hollywood não está mais entre nós, e Boechat mostra muita sensibilidade ao narrar os últimos dias de uma figura que se despediu com elegância e estilo. O autor registra ainda fatos que tornam o Copa um marco também deste novo século. Entre eles, o icônico show dos Stones em 2006, quando quase 1,5 milhão de pessoas foi lotar o palco mais bonito do planeta: a praia com o hotel ao fundo, iluminado a laser e canhão de luz na noite da Cidade Maravilhosa. O livro, que ainda se beneficia do dinâmico projeto gráfico de Victor Burton e das deslumbrantes fotos de Sergio Pagano, é a oportunidade de conhecer um Rio de Janeiro que nunca deixou de ser lindo.

















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